O que é sarcopenia? O que eu preciso saber para preveni-la e tratá-la?

Autor: Tiago da Silva Alexandre, docente no Departamento de Gerontologia da UFSCar

(Imagem: Divulgação)

A sarcopenia é uma doença marcada pela redução da massa e da função muscular. O envelhecimento é um dos fatores que está por trás dessa perda progressiva. Estima-se que de 11 a 17% da população mundial com mais de 60 anos apresente sarcopenia, sendo que essa prevalência aumenta à medida que a idade progride, podendo alcançar 50% em pessoas com mais de 80 anos¹.

Com o avançar da idade, ocorrem, no organismo humano, alterações celulares, bioquímicas, hormonais e neuromusculares, capazes de impactar no funcionamento do sistema muscular. A partir dos 40 anos há uma aceleração dessas alterações, o que favorece a perda de massa e da função muscular, que podem evoluir para sarcopenia.

O diagnóstico da sarcopenia se dá a partir da avaliação da força muscular (força de preensão da mão, medida por um aparelho chamado dinamômetro), da quantidade e/ou qualidade da massa muscular e do desempenho físico (medido pela velocidade de caminhada)¹. A identificação precoce da doença permite que intervenções aconteçam e evita que outros desfechos da sarcopenia - como desequilíbrios, quedas, incapacidade funcional, hospitalizações e até a morte - ocorram em pessoas idosas.

A adequada função do sistema musculoesquelético é fundamental para que diversos outros sistemas corporais funcionem bem. Além de permitir a movimentação corporal, manter a postura, estabilizar o tronco e proteger articulações e ossos, amusculatura também está envolvida no metabolismo da glicose e controle glicêmico, já que o tecido muscular retira a glicose da corrente sanguínea para manter o metabolismo. Além disso, os músculos também armazenam a glicose em forma de glicogênio para usá-la como fonte de energia em momentos em que o consumo alimentar é menor. Ademais, o sistema musculoesquelético está envolvido com a produção de anticorpos e, para completar, há estudos demonstrando que a quantidade de massa muscular e sua adequada função parecem estar relacionadas com a saúde do cérebro.

Como então, prevenir e evitar a sarcopenia?

Embora o ideal seja praticar atividade física desde a infância, para quem nunca se exercitou, sempre é tempo de correr atrás do prejuízo. Quanto mais cedo se começa, mais tempo de poupança muscular o indivíduo terá e, claro, isso terá reflexos na velhice.

A prática de atividade física ao longo da vida, em especial os exercícios resistidos, conhecidos como musculação, desencadeiam alterações bioquímicas dentro do músculo e favorecem a síntese e a incorporação de proteínas às fibras musculares, aumentando a quantidade e a qualidade da massa magra.

Além disso, a fisioterapia, com exercícios resistidos, envolvendo membros inferiores e superiores, com adequação de carga, número de séries e repetições e tempo de recuperação são os melhores tratamentos para a sarcopenia¹.

Do ponto de vista nutricional, a melhor forma de evitar a sarcopenia é a ingestão adequada de proteínas e carboidratos. Além dos ajustes na alimentação, há situações em que a suplementação é indicada². No entanto, ela só tem evidência de melhora quando ocorre junto à musculação. Em pacientes com sarcopenia, os melhores resultados foram obtidos com a suplementação de aminoácidos (whey protein), enriquecidos com leucina e caseína, combinados com vitamina D. O uso de creatina, no dia da musculação, também tem demonstrado bons resultados no tratamento desses casos². Dessa forma, contribuímos para o nosso envelhecimento saudável, com bem-estar e qualidade de vida.