UFSCar coordena coleta de microbioma oceânico na América do Sul

Dia de Amostragem do Oceano acontece na segunda quinzena de setembro, envolvendo 29 instituições no Brasil, Argentina, Panamá, Colômbia e México

(texto: Analice Garcia)

Referência em pesquisa oceânica, a partir dos trabalhos realizados no Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos do Departamento de Hidrobiologia (DHb), a UFSCar coordena neste mês de setembro o South America Ocean Sampling Day (SA-OSD) – o Dia de Amostragem do Oceano na América do Sul –, a partir de projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O Dia de Amostragem do Oceano é uma iniciativa global com o objetivo de analisar a biodiversidade e a função dos microrganismos no oceano. As coletas acontecem a partir da segunda quinzena de setembro, com a participação de 29 instituições de Ensino Superior e de pesquisa do Brasil, Colômbia, Panamá, Argentina e México. Confira aqui a lista de todas as instituições participantes.

O dia exato da coleta irá variar conforme as condições climáticas de cada região. As equipes de cada instituição coletarão amostras do microbioma marinho costeiro para sequenciamento de DNA e outras análises, com protocolos padronizados.

Microbioma marinho é o conjunto de todos os microrganismos planctônicos, como microalgas, bactérias, vírus e zooplâncton. O estudo do microbioma permite analisar, por exemplo, a saúde dos oceanos e os efeitos das mudanças climáticas nos pontos de amostragem ao longo do tempo, dentre outros resultados.

Hugo Sarmento, docente no DHb e responsável pela coordenação da iniciativa, explica que o Dia de Amostragem do Oceano existe desde 2014, mas era limitado ao Hemisfério Norte. No ano passado, começou a ser implementado na América do Sul, já a partir de uma iniciativa da UFSCar.

Para a edição de 2025, cabe à UFSCar preparar os kits para a coleta, enviar para as instituições participantes e, depois, analisar as amostras, a partir do sequenciamento de DNA, compartilhando os resultados entre todos os envolvidos, para que possam ser explorados pelas universidades de forma pontual, a partir de suas demandas e realidades, mas também na escala continental trabalhando em rede.

“Com esse projeto a ideia é disseminar o uso das ferramentas moleculares e permitir que as pessoas em outras partes do Brasil tenham acesso a essa tecnologia. Essa expansão foi possível porque a UFSCar, com o apoio do projeto Atlanteco, financiado pela União Europeia, desenvolveu um kit de baixo custo, enviado pelos Correios para cada instituição participante, que permite o processamento das amostras”, conta Sarmento. O pesquisador reforça que os resultados obtidos terão importância estratégica para expandir a compreensão dos microbiomas costeiros, avaliar os impactos dos estressores múltiplos na dinâmica dos ecossistemas, aumentar a capacidade de monitoramento e auxiliar no desenho de novas técnicas de conservação e sustentabilidade.