COP de lá, COP de cá: Navegando as águas da Conferência do Clima em Belém
Talvez não exista notícia mais velha que a de que começou ontem, 10 de novembro, a COP 30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes), em Belém, no Pará. Imprensa convencional, alternativa, redes sociais, tudo está tomado pelas mais diversas informações sobre uma programação que parece não ter fim, e é muito provável que você conheça alguém que está no evento.
Mas, apesar disso, pode não ser tão simples ficar bem informado sobre o assunto, justamente pela quantidade e diversidade de informações. Por isso, uma equipe formada no ICC, em parceria com um grupo de estudantes do curso de Gestão Ambiental, coordenado pela professora Renata Bovo Peres, está mobilizada para tentar, ao mesmo tempo, trazer a COP um pouquinho mais perto de você, e oferecer algumas pistas que nos ajudem a navegar neste caudaloso rio de notícias, manifestações e outras informações.
Lá, em Belém, contaremos com alguns enviados especiais. Gabrielly Oliveira Matos, estudante de Gestão Ambiental, já está na COP, e trará relatos de bastidores no perfil @cienciaufscar no Instagram. Nos próximos dias, a Reitora da UFSCar, Ana Beatriz de Oliveira, também terá agenda oficial em Belém, que acompanharemos por aqui. E uma comitiva do Campus Lagoa do Sino, presente no evento para apresentar o projeto Transição Tropical, também estará conosco compartilhando a experiência. Na segunda semana, quem chega por lá é o Pró-Reitor de Pós-Graduação da UFSCar, Rodrigo Constante Martins, que, além de representar a Instituição, participa de reunião de trabalho de projeto de pesquisa que olhou justamente para as formas de resistência e organização política dos povos da Floresta.
Nós, do lado de cá, ficamos em um esforço de curadoria, ou seja, de busca, validação, seleção e organização de todos os relatos que chegam de lá. Nesta primeira edição do nosso Boletim, escolhi compartilhar com vocês dois conteúdos que, além de interessantes e potencialmente úteis, ilustram bem uma distinção que existe entre a programação de negociações oficiais que é o núcleo da COP, e um mundo de eventos paralelos acontecendo ao redor, entre as tais Blue Zone e Green Zone de que tanto estamos ouvindo falar.
Conferência das Partes
As COPs são reuniões de líderes de todo o mundo, para debate e, sempre que conseguem, decisões, neste caso para enfrentamento das mudanças climáticas (existem COPs sobre vários outros assuntos). Nesta edição, os principais temas em foco são, como sempre, a redução de emissões de gases de efeito estufa e, além dela, o financiamento climático, a preservação das florestas e a justiça climática.
Ontem, primeiro dia dessas negociações, foi comemorada a rápida chegada a consenso sobre a agenda da Conferência – o que ilustra o tamanho das divergências e como são acirradas as disputas! Até o dia 21, de acordo com essa agenda, são mais de 100 documentos a serem revisados e acordados entre as delegações de cerca de 200 nações.
Alguns termos serão repetidos à exaustão, e são essenciais para entendermos o andamento das negociações em Belém. A Agência Pública – sem dúvida uma das minhas fontes de informação preferidas sobre COPs – fez um glossário com 10 deles, começando por COP30, passando pelo Acordo de Paris e a meta de aquecimento de 1,5ºC, até mitigação, adaptação, NDCs, GST e afins. Vale a pena conferir.
Fora da pauta
Além dos relatos sobre o epicentro diplomático da COP, ontem eu esbarrei com uma postagem do perfil do Núcleo (@nucleojornalismo) indicando 11 outros perfis para se informar sobre tudo que acontece em Belém nestes dias.
Uma rápida visita a cada um deles dá um gostinho do caleidoscópio que será Belém nos próximos 10 dias: tem anúncio da programação na Casa do Jornalismo Socioambiental; episódio de podcast comentando que o fim do uso dos combustíveis fósseis não estaria presente formalmente na agenda de negociações; estudo sobre a negligência da dimensão racial em normas climáticas internacionais; registro da presença do cacique Raoni Metuktire em painel sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas; história em quadrinhos em que o personagem Guariba, um mico, acompanhado de Tuca, uma formiga, reivindicam o olhar para outras espécies além da humana na Conferência; mapa com 21 espaços onde acontecem eventos paralelos à programação principal da COP; perfil com informações focadas em questões relativas ao oceano; outro comunicando que priorizará notícias sobre temas e decisões que afetam aquelas pessoas e comunidades que, fora da mesa oficial de negociações, são as mais impactadas pelas mudanças climáticas; outra Casa, esta da chamada COP do Povo; e entrevista da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reivindicando financiamento climático para comunidades quilombolas.
Ufa! E este é só um pedacinho… A gente segue por aqui, tentando contribuir com informações que ajudem a acompanhar e entender o que acontece em Belém. Fale conosco pelo e-mail do ICC, o culturacientifica@ufscar.br, com dúvidas, sugestões de pauta ou, também, colaborações adicionais a este movimento que chamamos de UFSCar no Clima. Confira também, em primeira mão, o catálogo de ações da comunidade da UFSCar na temática do clima e outras correlatas que estamos terminando de publicar aqui no site.
Até breve.
